sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Whatsapp, ame-o ou deixe-o

Quando você perde o celular ou ele estraga, entrar em pânico é quase que um dever. Não lembramos de nenhum número de cor, apenas preservamos os telefones no aparelho e não exploramos mais nenhuma forma de raciocínio. A última vez que decoramos algo com devoção foi a tabuada na infância, com medo de tomar uma “sumanta” de laço se isso não acontecesse.

Não temos mais necessidade de anotar na palma suada da mão ou mesmo pedir um guardanapo de papel para o garçom. Temos uma agenda eletrônica visual no bolso a nossa disposição, com armazenagens múltiplas.

A conta do celular é como se nós pagássemos um pouco da nossa memória que nele está armazenada em um chip. Amigos, aniversários, datas importantes, senhas, cartão de crédito, tudo está ao alcance em nosso bolso.

SMS e ligações já são retrógradas, agora a instantaneidade é por whatsapp. Quando você se dá conta, são centenas de mensagens em um dia, sem prévio aviso.

Whatsapp esta destinado à peça teatral ou ao roteiro de cinema da vida real.

Há mensagens que carecem de travessão, o que precede que algo trágico aconteceu. Textão então já vem com aviso, é sinônimo de ruptura. Vídeo é alguma “corrente”, e mensagens de voz, é alguém te chamando para bar já sem condições de pensar e escrever. A gente nem vê mais as pessoas digitando, os cursores andam sozinhos, e o visor do telefone é um globo espelhado com efeito de luzes coloridas em um quarto escuro.

A foto do interlocutor antecede se o “papo” é agradável ou se a pré-visualização poderá deixa-lo por horas ou até mesmo sem a resposta desejada.
Smartfones, iphones, ipad, todos sucumbem ao termino da suas baterias, e o único telefone que a gente lembra é o da residência dos nossos pais. Não por menos, é o único número de telefone que não muda há anos, e avisar que estamos sem bateria é urgente para dar um “sinal de fumaça”.

Algumas pessoas tem tanta prática com app que conversam horas e horas apenas usando emojis. #Medo.

E o tal dos grupos, quem não tem aquele da família, do futebol, dos amigos do bar... Adeus solidão e privacidade. Receber a mensagem, visualizar e não responder é assinar sua sentença de crucificação. 

"Esse zap zap mata a gente mesmo"!.  

Saudações ao whats!

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Afetos!

As memórias da linha do tempo nos lembram de sentimentos a todo instante, mas que estão cada vez mais desvanecidos do cotidiano.

As carícias se tornaram tão fugaz que são uma espécie de “vírus” tamanho medo que temos do toque um do outro.

“Se a medida de amar é amar sem medida, por que não morrer de amor e continuar vivendo"? (Como dizem os poetas).

Quantas vezes indagamos e nos perguntamos como aliviar ou evitar sofrimentos e angustias? Só consigo pensar em uma coisa: Afeto.

Afetos sinceros podem ser mais eficazes do que receituários e caixas de analgésicos e antidepressivos, que nos dão a ilusão que tudo está ou ficará bem em seguida. #Bléhhhhh...

Mesmo que seja muito difícil (ainda) precisamos refletir (e muito) e dialogar sobre a necessidade de politização nos espaços familiares, no nosso trabalho e grupo de amigos para aprendermos com as nossas diferenças de afetos geracionais, de gênero, ideológicos e das mais infindáveis formas de ver e sentir o mundo (É preciso).

Bem verdade, que não podemos naturalizar violências (des) percebidas e (não) sentidas, é preciso ter tolerância, pois esta nunca conta o tempo, esta sempre disposta há ficar conosco.

Ainda é preciso perseverar o amor, respeito e amizade, pois esses sentimentos e valores nunca são em demasia, já que o carinho: Ahh!! Esse nunca vai morrer, pois ele é sempre rejuvelhecedor.  

Saudações da turma que tem o péssimo costume de revidar: TOLERÂNCIA, CARINHO, AMOR, AFETO...

 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Portadores da intolerância

Ninguém mais agüenta esperar. Deve ser esta vida cibernética que nos deixa nessa impaciência e ansiedade toda.

As conversas estão escassas, mas em “compensação” xingamentos e afrontas estão sobrando nas relações.

Há pessoas que não sabem respeitar o espaço e principalmente o tempo da outra.

Não há discernimento, percepção, astúcia. Tudo é agora, tudo vira caso de vida ou norte e o ódio é gratuito e generalizado.

Personalizamos tudo e não damos descontos para o acaso, ninguém pode errar que já é por querer.
A animosidade tem espaço em qualquer “palco”. Política, vegetarianismo, orientação sexual, vestimentas, meios de transporte, religião, futebol, etc.. etc...O pré-requisito e ingresso para o “show” é ter opinião adversa.

O lado que se diz certo quer vencer pela imposição e o errado quer vencer pelo grito.

A intolerância é exposta, endossada e fomentada das mais diversas formas, não há necessidade em dissimilar, esta explícita em todos.
Poucos desfrutam a possibilidade de dar a si mesmo a oportunidade de pedir perdão, desculpas, e de se colocar na posição de corrigir os próprios erros.

Desconfio que a justiça seja lenta para não cometer uma leviandade. Em contrapartida, a agressividade é rápida dolorosa e perpétua. Quem apanha nunca esquece e quem bate condena o próprio coração.
Saudações para intolerância!!!

 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Paixão Clandestina


Para ele o bar deixara de ser um pretexto, diversão e trabalho, passou a ser uma obrigação. Entretanto o whisky não tinha mais gosto. Os amigos fanfarrões e sorridentes, não tinham mais o mesmo olhar e o piano que tocara ganhando a vida, antes companheiro de confidencias, agora eram insólito.

Arnaldo era um boêmio de mão cheia, e a noite já tinha lhe deixado alguns legados como estórias e relíquias, dentre elas, uma infinidade de instrumentos que aprendera a tocar, freqüentando desde sua infância as noites de Jazz & Blues entre o piano e o palco do bar nocaute, onde hoje ganhava a vida como músico profissional.

Entretanto, Arnaldo estava diferente de uns tempos para cá, pelo menos era o que os amigos diziam, se escorava sob o piano e por ali ficava até alguém ir acordá-lo. Decerto se imagina estar em um pesadelo. 

Mas certo mesmo é que estar naquela situação era o fundo do poço, em nada adiantava ser bem sucedido e não ser correspondido em seus mais fiéis sentimentos.

Há poucos dias atrás, em uma noite soube que deixara de ser prioridade em encontros para ser mais um na estatística. Estar e ser apaixonado por uma prostituta não era o caso, mas não ser correspondido e não ter a exclusividade que tanto gostaria deixava o magoado e irritado.

Não bastasse, naquela mesma noite, soube que sua então vedete, iria embora do país para angariar fundos financeiros melhores que mesmo com boas condições, Arnaldo talvez não suportasse.

Na despedida, apenas uma carta de até logo, nada mais.

Os dias se passaram e nada fazia Arnaldo esquecer sua então paixão e se “afogar” em doses de whisky era o que lhe restava. Ao menos era o que ele pensava, pois se sentia traído mesmo que por uma paixão unilateral que nutriu por anos em encontros casuais e às vezes até constantes.

Tentou inclusive outras paixões parecidas, com encontros forjados como os de outrora, mas esqueceu de avisar os sentimentos e o coração. 

Passaram encontros, devaneios, dias, meses, shows ... Sua banda, o piano e a vida de músico, deixaram de ser prioridades.  Seus amigos ensaiavam sozinhos, já o tinham deixado, sabiam de suas angustias, agruras e aflições. 

Eis que a noite mais uma vez lhe “aprontou”. Em uma apresentação solene do coral Vancok, Arnaldo fez parceria com um som que mudara para sempre sua vida. Um som pouco peculiar para o local acostumado as tragadas e fumaças de charutos e whisky sobre o piano.  

Era um som que subia e descia em uma “agressividade” sem igual, um som fino, mas ao mesmo tempo forte, que atendia por um nome apenas: Angélica. Com sorriso doce, por de trás de seu óculos “clean”, retirando de sua caixinha de música em formato violino, seus proventos para pagar sua faculdade por certo ser de música.

Era um som harmonioso, músicas que fascinavam e que acabou extasiando o coração de Arnaldo, pego sem seu âmago.

Aquela noite sim, Arnaldo descobrira novamente o caminho do balcão, voltou ao seu lugar, e os amigos voltaram a ser radiantes e seu whisky produzira um “perfume” de romantismo que nem mesmo os charutos e a fumaça conseguiram abater, mesmo em um local chamado  nocaute.  

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

"Tempos descartáveis"

Talvez seja tamanha nossa evolução sob todos os aspectos, que quando nos deparamos com algo duradouro, que nos remete ao passado mesmo que não muito distante acabamos nos deprimindo, trazendo à tona todas as nossas nostalgias e fragilidades.

Se a vida é um vai e vem, e nada é para sempre, por que ainda é tão difícil aceitar o fim? Mas mesmo havendo um contrassenso de não acreditarmos no derradeiro, fazer um “projeto de vida” esta tão démodê quanto programar, pois as pessoas não tem a mínima ideia do que irá acontecer com elas no próximo ano, mesmo que isso não seja nem um pouco recomendado.

Em tempo de incerteza e volatilidade, a impaciência e a ansiedade imperam e andam cada vez mais em sintonia, atacando as pessoas nos seus âmagos.

As Sociedades por sua vez, foram individualizadas, e a Democracia, esta ficando fora de moda. As cirandas de amigos viraram pó nos álbuns de família, substituídos pelos compartilhamentos em massa em redes sociais tão instantâneos quanto às reações de covardia e violência cada vez mais desenfreada.

Na verdade em épocas de “tempos líquidos”, sempre queremos burlar nossas limitações, aflições e anseios, e vivemos tão apressados em ser ou estarmos felizes que a única coisa que se perpetua é nossa ira, impaciência e egoísmo, que acabam “contribuindo e solidificando” poucas ou nenhuma relação pela qual estamos ou que muito rapidamente nos inserimos.   

Saudações aos Tempos!!!